Eu não sabia, mas era um AVC.

30/12/2017

Era 25 de agosto  de 2008 quando cheguei na escola e me preparava para iniciar as aulas para os meus alunos. A agitação matinal foi a de todos os dias. Conferi a caixa de e-mails, redes sociais, passei algumas orientações para as minhas filhas, dei um beijo de bom dia em meu marido e saí rapidamente para o trabalho. Chegando na escola apliquei a primeira aula e voltei para a sala dos professores para corrigir algumas provas. Neste momento percebi que a minha mão direita não respondia aos meus comandos. Algo estava acontecendo. Não conseguia pedir ajuda ao professor que estava sentado ao meu lado porque o meu rosto começou a paralisar e a minha língua enrolou; minha perna direita ficou totalmente sem controle.

Meu colega de trabalho percebeu que eu tentava me comunicar e junto com outros professores providenciaram a minha ida para o pronto socorro. A escola parou com tanta agitação ao perceberem que eu estava sendo transportada em uma cadeira de rodas até o carro. A tensão e preocupação estava no rosto de cada aluno sobre o que realmente estaria acontecendo comigo.

Graças a ajuda de policiais, fui transportada em uma viatura que rasgava o trânsito matinal de São Paulo.

Pronto, cheguei ao hospital e uma médica me diagnosticou com estresse. Passou uma medicação, fiquei em observação, meus comandos voltaram e fui liberada do hospital com apenas uma receita de alguns remédios. Tudo isso se deu no período das 9h da manhã até as 13h da tarde.

Não havia sequelas e meus irmãos que assistiam todo este cenário na recepção do hospital, ao me verem liberada e sem restrições, me convidaram para almoçar. Mais tarde meu irmão George me alertou que seria fundamental passar por outro médico para realizar um diagnóstico mais apurado. No mesmo dia fui à um médico amigo da família que pediu uma bateria de exames e constatou que eu havia sido acometida por um AVC (acidente vascular cerebral).

Este médico me recomendou passar por um Neurologista conhecido dele. 

Na consulta com o neurologista, percebi que ele não olhou os exames realizados logo que cheguei. Primeiro ele pediu para que eu andasse em linha reta, levantasse os braços, movimentasse os olhos... me examinou de diversas maneiras dos pés à cabeça. Só depois se sentou e abriu o envelope com os meus exames. O médico ficou espantado ao perceber que não havia sequelas. Ele disse que analisando os exames, os meus reflexos e a proporção do AVC, jamais diria que aqueles exames eram os meus, ou seja, os exames eram incompatíveis com o meu estado de saúde.

Vivi alguns meses em estado de alerta geral. Fui tomando os remédios recomendados corretamente e dormindo com a luz acessa, segurando em meu marido... e a minha vida foi voltando a correria anterior, ao cotidiano, afinal de contas, a vida precisava seguir.



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